Comunicação de ciência

A Revista Estudos em Comunicação convida à submissão de artigos para o seu número especial de dezembro com o tema “Comunicar Ciência: Modelos de Publicação Emergentes”. 

O modelo de publicação científica que partilhamos vem progredindo de forma volátil nos últimos anos. Ao crescimento exponencial da ciência, do número de cientistas, e da quantidade de publicações, de resto já descrito por Solla Price na década de 60, somam-se desafios novos relacionados com os modelos de publicação, os consolidados e os emergentes. A questão foi em parte precipitada pelo uso indiscriminado do factor de impacto para fins que não os intencionados pelo seu criador, Eugene Garfield, propulsionado pela criação de uma poderosa indústria de quantificação da ciência. O fenómeno do “The number that’s devouring science”, como lhe chamou Monastersky, resulta da passagem de uma feliz e bem sucedida técnica de quantificação, para a avaliação qualitativa da ciência por parte de gestores e decisores de política científica.

Como consequência não intencional da pressão crescente para a publicação de resultados, toda uma outra indústria parasitária da cienciometria, mas também da ciência, conheceu um impulso formidável nos últimos anos: a edição/publicação predatória, para todos os gostos, dos jornais falsos ou clonados, à criação de corpos editoriais falsificados, simulação de peer-review, ou, a modalidade mais grave, o rapto de revistas.

Este número especial da revista Estudos em Comunicação com o tema “Comunicar Ciência: Modelos de Publicação Emergentes” pretende abordar as questões da publicação e avaliação de ciência à luz da dupla face desta quase simbiose: um paradigma de gestão de ciência que favorece o aparecimento em massa de editores predatórios; e o abuso do “número que está a devorar a ciência”, quer do lado da gestão, quer do lado da produção, através de esquemas de cartelização ou coerção visando maximizar o impacto das publicações.

As práticas predatórias exigem como resposta uma indexação de publicações séria e credível, que possa libertar a ciência e os cientistas desses riscos. Mas a indexação séria e credível não está ela própria imune a práticas predatórias, que tentam capturá-la desde o interior. Reflectir sobre a intensificação destas lógicas e os paradoxos que geram, sobre os modelos de publicação emergentes, como sobre os modos como a ciência cresce e se partilha em redes sociais especializadas são os propósitos deste número, que assume, entre outros, como tópicos de interesse: Publicação de Ciência/ Publicação em Artes e Humanidades; Revisão por pares (peer-review); Open Access; Editores predatórios; Bibliotecas físicas e virtuais (desmaterialização); Produção e edição de revistas académicas; Bibliometria e avaliação de ciência; Comunicação de Ciência a públicos especializados ou não-especializados; Índices qualitativos, directórios e bases de dados de publicações; Gestão da informação e do conhecimento; Data mining; Altmetrics e ferramentas académicas online; e perspectivas sobre o futuro da literatura científica.

A data limite para submissão de artigos é 3 de novembro de 2015.

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