"Que é feito dos dias na cave" foi o grande vencedor do UBIcinema

O filme de Rafael Almeida esteve em destaque na edição deste ano do UBIcinema, ao arrecadar oito prémios, dos 11 possíveis. O festival de cinema da UBI, que decorreu entre os dias 14 e 17 de dezembro, teve este ano a sua 11.ª edição.

"Prémio Académico de Licenciatura", "Melhor Argumento", "Melhor Fotografia", "Melhor Som", "Melhor Banda Sonora Original", "Melhor Realização", "Melhor Filme do Júri" e "Melhor Filme do Público". Ao todo foram oito dos 11 prémios possíveis. "Que é feito dos dias na cave", uma curta-metragem que aborda a necessidade de ser livre e enfrentar os "fantasmas" do passado, foi a grande vencedora do XXI UBIcinema.

"Foi bastante bom, a equipa está toda de parabéns. O projeto é muito arriscado, porque é bastante megalómano para um projeto universitário. Conseguimos 2100 euros, o que é incrível". Rafael Almeida, realizador do filme vencedor, estava radiante no final da cerimónia de entrega de prémios do XXI UBIcinema. Finalista de Cinema na UBI no ano passado, trabalha neste momento como freelancer na área da realização cinematográfica. Diz que na base do sucesso do filme esteve a própria dinâmica de trabalho, "um processo muito familiar", diz. Com 50 figurantes e 20 pessoas na equipa técnica, "coordenar tudo foi bastante complicado", conta Rafael Almeida.

"Tentámos dar o máximo de condições às pessoas para estarem ali a fazer o filme com vontade. De outra forma seria completamente impossível", confessa o jovem realizador. "Envolveu muitos ensaios, muita coordenação, porque o filme tem planos muito longos, o que envolveu muitos assistentes de produção. É um filme diferente também e é muito interessante por isso", acrescenta.

O próximo passo é colocar o filme no circuito dos festivais. "Enviámos o filme para o FantasPorto, que requer estreia nacional e esperamos estrear lá o filme e depois enviar para mais festivais", revela Rafael Almeida.

"Que foi feito dos dias na cave" foi um dos sete filmes a concurso no festival de cinema da UBI que acontece há já 11 anos. O UBIcinema é o resultado dos projetos finais de curso dos finalistas de Licenciatura do ano anterior. Ao nível dos alunos de Mestrado, este ano só Ricardo Pinto Magalhães participou com o filme "Cantai a saudade", não tendo ido, por isso, a concurso. Ganhou o "Prémio Académico de Mestrado", que corresponde à melhor classificação final de projeto dada pelos professores de Cinema da UBI. O resto dos prémios tiveram a colaboração de professores convidados. Nesta votação participaram ainda o realizador Telmo Martins e a atriz Margarida Moreira.

Em relação aos projetos de Licenciatura, para além da curta-metragem de Rafael Almeida, "O céu aqui é mais baixo", dos realizadores Henrique Vilão, Tiago Damas, Joana Maria e Luís Ales, venceu também o "Prémio Académico de Licenciatura". De resto, arrecadou ainda os prémios de "Melhor Montagem" e "Melhor Interpretação" (Bernardo Santo Tirso).

Trata-se de "uma exploração sobre o que é a fase final da adolescência", conta Henrique Vilão. Atualmente a frequentar o primeiro ano de Mestrado de Cinema na UBI, mostrou-se "agradecido", mas confessa não dar "muita importância a prémios", apesar de admitir que "foi um processo trabalhoso e quando uma pessoa trabalha imenso é interessante poder haver este tipo de eventos".

Foi ainda atribuído o prémio “Melhor Direção de Artes” ao filme de Nelson Leão, "Do outro lado do rio entre as águas".

"Foi uma dor de cabeça, estávamos a desesperar antes de começar, a ver tudo a andar para trás, mas assim que arrancou, começou a correr tudo bem, as pessoas gostaram bastante". Dinis Pereira é aluno do terceiro ano de Cinema e fez parte do grupo de cerca de 10 alunos envolvidos na organização do festival. Reconhecendo a "importância para o currículo" que representa esta organização, sublinha que "o grupo tentou fazer disto não só um meio de avaliação, mas tentámos expandir a iniciativa para além do curso e fazer um evento maior".

No final da cerimónia de entrega de prémios, Ana Catarina Pereira, docente de Cinema e membro da organização do XXI UBIcinema, estava radiante. "Foram quatro dias intensos, dormimos muito pouco, mas foi muito bom", garante. De resto, sublinhou o sucesso do festival "tanto em termos de público, como em termo de emoção, de magia, e mesmo de aceitação do público em relação aos filmes".

Relativamente à qualidade dos trabalhos apresentados, Ana Catarina Pereira assegura que "há alguns que estão bastante bons e que estão prontíssimos para irem para o circuito dos festivais". E deixa a garantia: "Vou impulsionar bastante para que isso aconteça, tanto em termos de UBI como produtora dos próprios filmes e que detém os direitos de autor – também podemos ser nós a fazer isso – como incentivar os próprios alunos a concorrerem individualmente".

Quando pensa na evolução dos trabalhos apresentados ao longo destes 11 anos de festival, não tem dúvidas de que "estão cada vez mais criativos. Houve uma grande evolução ao nível do som e mesmo em termos narrativos, as histórias são cada vez mais criativas, e mesmo em termos técnicos".

De resto, lembra a liberdade dada aos alunos em todo o processo de criação dos filmes. "Não têm uma escola de cinema que os obrigue a fazer um género específico de filme, eles fazem o cinema que querem fazer", assegura. Ana Catarina Pereira comentou ainda o filme que ganhou quase tudo este ano. "É praticamente todo gravado em plano-sequência, e estamos a falar de uma curta-metragem, está fantástico. Ganhou o prémio do júri e do público e está praticamente pronto a ganhar imensos prémios em festivais e eu estou muito entusiasmada com isso".

Em relação ao futuro dos alunos de Cinema que saem da UBI para o mercado de trabalho, a docente refere que "muitos deles foram trabalhar para Londres, mas apesar de termos uma vaga de imigração muito grande também no nosso curso, esses alunos estão bastante bem", assegura. "Temos outros alunos a trabalhar em publicidade, é um mercado que abrange bastante os nosso alunos, mas eu não diria que as saídas profissionais do curso de Cinema são poucas, antes pelo contrário", garante Ana Catarina Pereira.

A cerimónia de entrega de prémios que decorreu na Cinubiteca no dia 17 de dezembro, abriu com uma passagem de modelos, promovida pelos alunos de Mestrado de Design de Moda, e contou ainda com quatro alunos da EPABI – Escola Profissional de Artes da Covilhã, que tocaram algumas notas, que serviram de entrada em palco para os galardoados da noite.

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